sábado, 13 de dezembro de 2014

Capelania crista

Curso de capelania

Capelania hospitalar

Prof Jared dos Santos

Livro base capelania hospitalar cristã Damy Ferreira liswaldo Mario ziti

 No último ano de treinamento foram treinados cerca de 140 pessoas para trabalharem na Santa Casa de Mogi Mirim
Hoje Não passamos de 30 voluntários boa parte católicos.

Parêntese

Tiago 4:17
Aquele,pois que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado.

Ezequiel 33:1a6

Por que ser capelão

Mateus 25:36
Estava nu e me vestistes enfermo e me visitastes preso e fostes ver-me.

Lucas 10:36,37

João 13:34

Mateus 20:27,28


MPC Mocidade para Cristo
Déborah munir
mpc@mpc.org.br

ONCC Carliene

secretaria@oncc.org.br

Pr Adriano
presidente@oncc.org.br



Capelania escolar

Professor Neto.
Projeto escolhas


Aids 52,3% da juventude de 13-19 anos só em São Paulo

Alcoólatras 59,6%

Gravides na adolescência 15-19 anos

58% de jovens crentes quando engressam na faculdade desvia da fé deixam a igreja segundo o pastor e doutro Josh MC Doerw
Adolescência quer atenção

Escola                                           Hospital
Formação.                                     Dor

Livro radicalize editora mundo cristão

Dinâmica esbanjando a vida.
Site blocos urbanos , rtm
Filme Jesus e A Família
Como combater?

Resgate de valores
Relacionamentos construtivos
Humanização
Transformação do coração


Planejamento

Escolher uma escola e orar por ela
Analisar a cultura


Neto José face
Pr _netoredencao11@hotmail.com


Professor Sérgio

Capelania escolar
 O objetivo do capelão na escola é ajudar as pessoas nos seus âmbitos mais pessoais.
 Corpo
Raramente tocamos

Alma
deve ser tocada sempre,através dos olhar do ouvir e do falar.


Espírito
Ele é tocado só uma vez e nem sempre
conseguimos tocá-lo
Tendo ética equilíbrio e prudência

Diagrama do ser humano












Capelania

Tem que ter o olhar clínico e incentivavam se a pessoa está bem ou não.

5 P de um capelão

1 Pessoas
2 Problemas
3 Palavras
4 Poder
5 Parceria

Texto bíblico
Romanos capítulo 14

Coisas que o texto ensina  é tolerância,não despreze,não julgue,confie nas pessoas.

As pessoas precisam de manutenção

Existem 3 tipos de manutenção.

Preventiva as pessoas precisam ser cuidadas
Preditiva que visa prever antes
Corretiva restaurar totalmente o ser humano.


3 portas para se entrar na escola para ser capelão

1 Amizade
2 Informalidade
3 Verdade

Maiêutica arte de fazer perguntas.

Aconselhamento é uma ferramenta
Fidalgo significa filho de algo vem conselheiro do rei
Eles juravam sigilo Absoluto
Tinham lealdade comprovada.
Conhecia a história da família

Legislação

O briefing
Na linguagem do marketing o briefing é um primeiro contato com o cliente no qual se colhe informações relevantes sobre o perfil da instituição a filosofia de trabalho, as demandas as expectativas.




















Genesis 5

A GENEALOGIA DE SETE

Introdução

É muito interessante o modo como Moisés nos apresenta a história da humanidade: Ele claramente opta por apresentar separadamente a história dos homens que se dedicaram a Deus, em contraste aos que resolveram viver longe dele. Ainda que Moisés possa identificar na genealogia de Caim algumas virtudes profissionais e artísticas, é na descendência de Sete que encontramos claras manifestações da Graça de Deus.

Na descendência de Sete encontramos três personagens que merecem nossa atenção: Enos, por sua descrição de que a partir dele passou-se a invocar o nome de Deus ; Enoque, pois dele é dito que andou com Deus; e Noé, pois nele repousa a expectativa da libertação da maldição da Queda.
Os críticos atribuem este capítulo à fonte informativa.
“O alvo do Código Sacerdotal é mostrar como o único Deus que existe tornou-se o soberano invisível da comunidade judaica. Desde o momento em que Deus criou o céu e a terra, Seu grande propósito,oi separar Israel das demais nações, revelar a Sua lei, estabelecer o seu pacto e prover um país para Israel" (R. H. Pfeiffer, Introduction to the Old Testament).
Para os hebreus as genealogias eram importantes, e eles mantinham registros cuidadosos. É verdade que detalhes e números diferem consideravelmente na Septuaginta, e algum material daquela versão poderia refletir melhor o hebraico original. Ver o artigo chamado Manuscritos do Antigo Testamento, no Dicionário. O propósito da genealogia do quinto capítulo do Génesis é expor diante de nós a linhagem piedosa de Sete, em contraste com a linhagem de Caim (Gên. 4.17-19). Ambas as linhagens descendem de Adão: a linhagem piedosa e a linhagem ímpia. Da linhagem piedosa viria o povo de Israel e o Cristo. A outra linhagem produziria uma sociedade pecaminosa. A genealogia remonta à criação, chega­do até Noé e seus filhos, o que arma o palco para o dilúvio, quando Deus cansou- se de tanta iniquidade que viera a permear ambas as linhagens que descendiam de Adão.

Versos 1-32

Verso 1 Dez gerações foram especificadas. Os intérpretes supõem que a lista poderia ser representativa, sem o intuito de ser completa. Alguns têm suposto erronea­ mente que a antiguidade da terra pode ser determinada se adicionarmos as ida­ des das pessoas que figuram nessa lista. Mas muitos estudiosos há muito já abandonaram qualquer tentativa dessa natureza. Quanto à grande antiguidade da terra,Semelhança, e não imagem, embora talvez tenhamos aqui um sinónimo. O homem era agora um ser decaído, mas as palavras são repetidas. A imagem de Deus no homem fora borrada, mas não perdida.A bênção primeva continuava, a despeito da presença de várias maldições divinas em face do pecado. O pecado corrompera o vaso, mas o vaso continuava sendo preservado por Deus.

Verso 2 Os criou, e os abençoou. Adão e Eva foram criados para Deus e não para o mal Deus não criou por acidente nem caprichosamente. Deus tinha Seus propósitos, e nem mesmo a queda no pecado pôde alterá-los. Era mister que se estabelecesse um pacto; uma lei precisava ser dada; uma nação tinha de ser organiza­ da. Essa nação teria de se tornar mestra do mundo; a redenção viria através da linhagem de Sete. Temos aí uma filosofia da história: a história é linear; é governada mediante um desígnio; encaminha-se na direção de um grande alvo; ela conta com a presença e com o poder de Deus; nada acontece por mero acaso. Esse conceito entende que Deus não somente criou, mas também que Ele continua dirigindo Sua criação, com propósitos espe­cíficos; Ele recompensa o bem e pune o mal. Em contraste com isso, o deísmo, imagina que alguma força ou pessoa divina criou, mas então
abandonou sua criação, deixando-a ao sabor das leis naturais, não recompensan­do nem punindo, exceto indiretamente, através das insuficientes leis naturais.O nome de Enos não traz em si mesmo nada de especial: O significado básico do seu nome é “homem”, e é aplicado no AT em referência a alguém do sexo masculino (Is.8.1; 13.12), como descrição da humanidade (Dt.32.26; 2Cr.14.11; Jó.4.17) e em referência ao filho do filho de Eva que foi considerado substituto de Abel.

Entretanto, é interessante que alguns comentaristas, como Keil & Delitzsch, defendem que o nome de Enos deriva de um verbo que significa ser fraco, frágil o que designa a sua condição frágil e mortal. Sobre o assunto, ainda acrescenta que “neste nome, portanto, o sentimento e o conhecimento da fraqueza humana e sua fragilidade foram expressos[15]”.



…invocar o nome do Senhor: Como podemos entender essa expressão? Já se tem dito ao menos três possibilidades para se entender essa expressão: (1) como se os descendentes de Enos passaram a se chamar pelo nome de Yahweh; (2) como se nessa época iniciou-se a proclamação de Yahweh como Deus Criador e Redentor; (3) que nessa época se iniciou a adoração a Yahweh.

Ser chamado pelo nome de Yahweh: Jonatas Edwards sugere que a tradução correta dessa expressão é “Então os homens passaram a serem chamados pelo nome do Senhor”. Em explicação à sua preferência Edwards complementa: “então eles começaram a se chamarem, e a seus filhos, pelo Seu nome, o que significa que eles se entendiam como povo de Deus”. Há certo valor nessa opinião, visto se demonstrar tal distinção entre os descendentes de Caim e de Sete. Essa opinião é favorecida pelo contexto e tem o aval critico de diversos autores cristãos. Edwards, ainda, sobre o assunto diz: “Eu tenho dito, que o povo de Deus é abertamente distinguido do distorcido e apóstata mundo da posteridade de Caim e daqueles que estavam com ele, por se apresentarem à sociedade de modo distinto, sendo chamados filhos de Deus, enquanto os outros se chamavam filhos dos homens[16]”. Essa visão, certamente favorece a leitura de Gn.6 de modo natural e claro, sem depender de tradições estranhas que falam sobre a interação de seres angélicos com seres humanos. Adam Clarke defende a mesma opinião: “os homens começaram a chamar-se pelo nome do Senhor, essas palavras demonstram que no tempo de Enos os verdadeiros seguidores de Deus começaram a distinguir-se, e serem distinguido por outros, pela denominação de filhos de Deus[17]”.
Adorar a Yahweh: Albert Barnes sugere que tal expressão esteja relacionada à adoração pública de Yahweh, como Deus digno de adoração, observe: “A solene invocação de Deus por Seu nome próprio com oração e louvor pública e social é o sentido mais usual da frase diante de nós agora, e é para ser adotada assim a menos que exista algo no contexto ou nas circunstâncias do texto que demande outro significado[18]”. Keil & Delitzsch concordam com Barnes: “Aqui temos uma descrição do início da adoração a Deus, que consiste em oração, adoração, agradecimento ou o reconhecimento e celebração da Misericórdia e Auxílio de Yahweh[19]”. Walter Elwell, de modo similar, entende que o texto fala da adoração pública a Yahweh. Para ele o texto trata da inauguração da verdadeira adoração a Yahweh (Gn.12.8, 13.4; 16.13; 21.33; 26.25) [20]. Wlatke entende que pelo fato de Enos significar fraqueza, fragilidade, a humanidade voltou-se para Deus em adoração (Sl.149.6) [21].
Proclamar a Yahweh: Ross opta por ver nessa expressão da proclamação do nome de Yahweh[22]. Uma vez que o termo hebraico “shem” (nome) é seguida do nome próprio Yahweh, e que o mesmo termo é empregado para descrever o caráter ou atributos de uma pessoa (Is.9.6), pode-se supor que o texto trata da proclamação da Pessoa e Caráter de Yahweh.
Seja como for, o que fica evidente é importante lembrar o leito que nenhuma dessas ações exclui as outra. É bem possível que todas essas fizessem parte do conceito de invocar o nome do Senhor. Contudo, temos que considerar que a adoração a Yahweh é anterior a Enos, pois tanto Caim quanto Abel já ofereciam sacrifícios ao Senhor, e certamente entendemos isso como um ato de adoração. Ou seja, se adoração abrange todos os seus aspectos temos que entender que tal não se inicia em Enos. Se há, porém, distinção entre a ação de Abel e Enos, não temos clareza de qual é tal diferença. Portanto, dizer que esse “invocar” é estritamente adoração não me parece aceitável com o contexto.

Por outro lado, ela é perfeitamente aceitável no conjunto de pessoas que passam a se considerar “filhos de Deus”, ou aquele grupo que se considera pertencente a Ele. É possível inferir que a fé demonstrada por Abel, e provavelmente aprendida com Adão, foi mantida na genealogia de Sete e que a partir daquele ponto, os homens que mantinham a adoração verdadeira a Yahweh, isto é, de acordo com as expectativas divinas, passaram a se chamar pelo nome de Yahweh. Nada de conflitante há nessa proposta.

Há de se dizer, que a idéia de Ross é certamente interessante: A partir de Enos se passou a proclamar a Yahweh. É bem verdade que diante do todo das escrituras a proclamação é sempre antecedida pela adoração daqueles que são filhos de Deus. Portanto, a idéia de Ross não oferece qualquer obstáculo às idéias anteriores. Mas, há qualquer referência a essa idéia no texto? Provavelmente não. Como Elwell já demonstrou o termo é usado em expressões similares como demonstração de verdadeira adoração (Gn.12.8, 13.4; 16.13; 21.33; 26.25), e em nenhum desses versos sugere qualquer idéia de proclamação.

A idéia de ser chamado pelo nome de Yahweh, provém da terminologia do termo hebraico, que também trás a idéia de nomear, como vemos no relato da criação (Gn.1.5; 8, 10; 2.19,20 etc) e em outras situações (3.20; 4.17, 25 etc). A própria LXX traduz o termo hebraico com o termo grego “epikaleö” no presente do infinitivo na voz média, que seria traduzido “a passaram a ser chamados”, como sugere a tradução de Edwards. Entretanto, tal possibilidade não se harmoniza com as outras ocasiões que o termo hebraico é utilizado em Gênesis para descrever uma ação de adoração (Gn.12.8, 13.4; 16.13; 21.33; 26.25). Portanto, é seguro afirmar que o texto fala sobre a manutenção da verdadeira adoração entre os descendentes de Sete, muito embora as outras possibilidades pudessem acompanhar e fazer parte dela. Com isso, entendemos que a idéia da adoração feita por Abel associou-se o “invocar” o nome de Yahweh, como uma forma cultual e pública de adoração.



…Todos os dias de Enos: Como todos os personagens apresentados na genealogia de Sete, mesmo Enos um homem que marcou o início de uma era de consagração a Deus na história da humanidade não esteve isento de sofrer dos malefícios da queda: ele também  veio a falecer (hb. muwth). Esse é o verbo mais usado nas genealogias, e seu uso não é acidental: a repetição desse termo para descrever a situação dos homens diante da sua própria humanidade corrompida é um lembrete divino de sua ordem dada a Adão: “Certamente morrerás”. Após a Queda, nem mesmo a obediência pode retirar do homem o destino da morte, exceto se Deus agir milagrosamente, como faz com Enoque.

2.         ENOQUE: VIDA COM DEUS

Como já temos demonstrado o nome de Enoque significa “dedicado, consagrado” e na família de Sete isso certamente indica que tipo de consagração e dedicação esse home teve. Sobre ele Clarke atesta: “O nome do patriarca, Enoque significa instruir, iniciar, dedicar. De sua conduta subseqüente estamos autorizados a acreditar que era, desde cedo, instruído nas coisas de Deus, iniciado na adoração de seu Criador, e dedicado ao seu serviço[23]”

A história de Enoque narrada em Gênesis não tem grandes detalhes e especificações: à semelhança de todos os personagens apresentados, Enoque nasce, vive muitos anos, tem filhos e filhas. Entretanto, duas declarações sobre Enoque merecem nossa atenção: (1) Andou Enoque com Deus (v.22, 24); (2) E já não era, por que Deus o tomou para si. Essas duas breves sentenças descrevem um grande homem de Deus no passado que serve de modelo para nós.



Andou Enoque com Deus: A idéia de andar com Deus parece por demais abstrata uma vez que a comunhão com Ele havia se rompido no Éden, e que os passeios vespertinos já não mais aconteciam como antes. Contudo, Enoque parece ter sido agraciado por Deus com Sua constante companhia. Gill, sobre o fato de Enoque andar com Deus, diz: “Ele caminhou em nome e temor de Deus, segundo a sua vontade, em todos os mandamentos e preceitos do Senhor fez então conhecido, ele caminhou pela fé nas promessas de Deus, e na expectativa do Messias, o descendente prometido; andou em retidão e sinceridade, como na visão de Deus[24]”.

A idéia de uma vida santa não pode estar ausente dessa expressão, e certamente Gill tem razão quando diz que Enoque vivia em conformidade com a Vontade de Deus e em obediência a Ele. A descrição de sua intimidade como Deus é tão simples e convidativa que nos estimula a buscar viver como ele viveu, um modelo de vida em meio à morte.

Sobre ele Barnes acrescenta:

“Andar com Deus implica em comunhão com ele em pensamento, palavra e ação, e opõe-se nas Escrituras ao andar contrário a Ele. Nós não temos a liberdade de se inferir que Enoque foi o único nesta linha, que temia a Deus. Mas, temos certeza de que ele apresentou um exemplo eminente de que a fé que purifica o coração e agrada a Deus. Ele fez um avanço notável sobre a realização dos tempos de seu pai Sete. Naqueles dias, eles começaram a invocar o nome do Senhor. Agora, a comunhão dos santos com Deus atinge sua forma mais elevada – a de andar com ele, fazendo a sua vontade e desfrutar de sua presença em todos os aspectos da vida[25]”

Há ainda nesse verso um indício interessante: Ao que tudo indica a tradução da ARA não é apropriada para descrever a história de Enoque nesse verso. A ARA assim verte o texto: “Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Metusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos e filhas” (v.22). A idéia que se obtém dessa leitura é que o andar com Deus de Enoque era uma descrição de sua pessoa, ao passo que a descrição de tempo é apenas um referencial para a identificação do seu descendente Matusalém. Entretanto, a NVI (em inglês: NIV, NET CJB) opta por verter o texto levemente diferente: “Depois que gerou a Matusalém, Enoque andou com Deus 300 anos e gerou outros filhos e filhas”. Segundo essa versão, a descrição de tempo fala sobre o período que Enoque andou com Deus. Matthew Henry, que é favorável à essa leitura, atesta:

“Ele andou com Deus trezentos anos, enquanto ele continuou neste mundo. O hipócrita não ora sempre, mas o verdadeiro santo que age a partir de um princípio, e faz da religião a sua escolha, irá perseverar até o fim, e caminhar com Deus, enquanto ele vive, como aquele que espera viver para sempre com ele[26]”

A idéia da perseverança e manutenção de uma vida orientada a devoção e vida com Deus é certamente um forte exemplo de como devemos levar nossa vida diante de Deus. Entretanto, tal descrição nos levanta uma pergunta: Teria Enoque algum mérito nessa vida que levou com Deus, ou seria isso graça? Aqueles mais inclinados a pensar na salvação e vida com Deus centrada no esforço encontram no exemplo de Enoque um referencial de perseverança, entretanto, o texto traz uma forte conotação reciprocidade entre Enoque e Deus. Ou seja, enquanto Enoque anda com Deus, Deus anda com Enoque. Embora o verbo tem Enoque por sujeito, o andar era uma cooperação entre Deus e Enoque. Até mesmo o arminiano Adam Clarke reconhece esse fato:

“Aqueles que estão familiarizados com o original, irão perceber claramente que a sentença tem essa força. Um verbo na conjugação chamada hithpael implica num ato de reciprocidade, o que um homem faz a si mesmo: aqui podemos considerar Enoque recebendo uma instrução piedosa, e a influência divina por meio dela, resultando no fato de que ele é um trabalhador com Deus, e, portanto, toma a resolução de andar com o seu Criador, que ele não pode receber a graça de Deus em vão[27]”.

Por um lado existe a firme decisão de se viver para Deus, mas essa decisão aconteceu um dia em função da ação de Deus na sua vida. Não podemos supor que Enoque passou a uma vida de completa devoção por sua própria força e habilidade, pois tal referencial não é encontrado nas escrituras. Ou seja, a atitude de andar com Deus é derivada da ação de Deus se fazer manifesto e presente em sua vida. Os tradutores da NET Bible, sobre isso atestam: “Em Gn 5:22 a frase sugere que Enoque e Deus ‘se davam bem’[28]”. Portanto, há um relacionamento entre Enoque e Deus de tal modo que há interação entre eles, movimento e desenvolvimento. Por isso, há manutenção e durabilidade. As escrituras não ensinam que o andar com Deus é o cumprimento de uma rotina religiosa, mas um viver diário com Deus. Tal idéia já era encontrada na LXX, que optou por traduzir o “andar com Deus” por “agradar a Deus” (Gr. euarestéö). John Sailhamer sobre isso diz:

“A frase ‘andou com Deus’ claramente significa algo importante para o autor, pois ele usa a mesma expressão para descrever Noé como um ‘um homem justo e reto entre os seus contemporâneos’ (6.9), e Abraão e Isaque como servos fiéis de Deus (17.1; 24.40; 48;15). Seu uso aqui demonstra que o autor vê nela a razão pela qual Enoque não morreu. Enoque é ilustrado como aquele que não sofre o destino de Adão (certamente morrerás) por que, ao contrário dos outros, ele ‘andou com Deus’[29]”

Uma das perguntas que fazemos para essa genealogia em Gênesis é por que razão o autor optou por afirmar a morte de todas as pessoas que apresenta? Como é observado em outras genealogias bíblicas, a idéia da morte está implícita, mas não declarada. Por que Moisés faria isso aqui?

Para responder a essa pergunta podemos observar dois detalhes: (1) A fidelidade de Deus – Quando voltamos nossos olhos para a promessa que tinha feito a Adão de que a desobediência os levaria à morte, e observamos a realização concreta desses fatos nessa genealogia, entendemos que Deus é Fiel à Sua Palavra, e a levará a cabo diante de todos; (2) A Graça de Deus – Ler Gênesis 5 é como ouvir a marcha fúnebre: viveu, teve filhos e filhas e morreu, morreu. A fatalidade que assombra a humanidade é descrita de maneira simples e direta: “A vida é como a fumaça, nem bem se fez, se desfaz, e a cada instante que passa é um passo a menos e a mais, na direção do fim, frio feroz, o fim de todos nós” (João Alexandre, Fim de Todos nós). Por outro lado, vemos na história de Enoque um lampejo gracioso de Deus em não deixá-lo à morte: Enoque não morreu. Tentando responder a pergunta já lançada acima, Sailhamer diz:

“A resposta não é difícil de encontrar no capítulo 5, por que nesse capítulo apenas uma dos patriarcas, Enoque, não morreu, O número total de anos foi apresentado, como nas outras genealogias, mas apenas aqui há uma exceção: Enoque já não era, por que Deus o tomou. Em outras palavras, o autor propositadamente descreve a morte de cada um dos patriarcas no capítulo 5 para destacar e chamar a atenção do leitor para o caso excepcional de Enoque[30]”

Esse evento certamente é um evento excepcional: Mesmo outras pessoas que viveram com Deus, e foram descritas como pessoas que “andaram com Deus”, como Noé, não foram arrebatadas à presença de Deus. É bem provável que com esse evento Deus esteja a nos ensinar que o desejo de Deus é prefigurado em Enoque: Ele quer que todos os Seus Filhos, que andam com Ele, vivam Eternamente com Ele.

Outro detalhe que deve ser lembrado, é que é bem possível que Deus está nos ensinando que “andar” com Deus, ou viver com Ele, é muito mais do que obedecer seus mandamentos. Em Dt.30.16 lemos: “Porquanto te ordeno hoje que ames ao SENHOR teu Deus, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e o SENHOR teu Deus te abençoe na terra a qual entras a possuir”. Essa clara distinção entre andar de acordo com Deus e obediência ao que Deus diz é fundamental para se entender que “andar com Deus” está além da obediência e inclui amor a Yahweh como nosso Deus e Senhor. Certamente, aquele que ama a Deus acima de todas as coisas e vive em relacionamento com Ele o Obedecerá. Mas, Enoque ilustra o fato de que a obediência cega e desassociada de outras virtudes espirituais não é garantia de vida com Deus.

Enoque, o homem que andou com Deus (Gn.5.22), Noé, que também andou com Deus (Gn.6.9), Abraão, que creu em Deus e isso lhe foi imputado como justiça (Gn.15.6) são exemplos claros, anteriores a Lei, que são apresentados por Moisés como modelos de fé e confiança em Deus.



…e já não era: Essa frase de difícil tradução tem levantado algumas perguntas sobre o que de fato aconteceu com Enoque. Mais três opções são vistas nas traduções em português para essa expressão: (1) não foi encontrado (NVI); (2) não apareceu mais (ACF); (3) e já não se viu (ARC). A versão ARA optou por verter “e já não era” seguindo a KJV. A LXX verte de modo similar a NVI: “e não era encontrado” (kaì ouk ëupisketo). O Targun de Onkelos e o de Jerusalém também carregam a idéia da ARA e KJV. Entretanto, o Targun supostamente de Jonatas, diz: “e ele já não estava entre os peregrinos na terra”. Em todas existe a idéia de que Enoque deixou de estar presente, pois não foi encontrado, não apareceu em nenhum outro lugar e por isso, já não era visto. Todas essas idéias são tentativa de se traduzir a partícula negativa (hb. ayin) com o sufixo pronominal. Ou seja, ao invés de afirmar que Enoque morreu, Moisés diz que ele não estava mais presente. Mas, uma pergunta surge aqui: Para onde foi Enoque?



… porque Deus o tomou para si: A seqüência do texto deixa claro: Deus o tomou para si, uma expressão rara no Antigo Testamento que marca uma expectativa judaica de futuro. Veja o caso, por exemplo, do Salmo 49.15: “Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si”. A expressão usada em referência a Enoque, é nesse Salmo explicada como a redenção da alma do salmista, o que favorece a idéia de que Enoque foi remido por Deus e recebido por Ele em Sua Presença. Fato similar acontece no Salmo 73.24: “Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória”. Nesse verso a expressão “me recebe” é exatamente a mesma encontrada na descrição de Enoque em Gênesis. Essa convicção de que uma vida debaixo da orientação de Deus implica em um vida futura com Ele parece muito neotestamentária, entretanto, já é vislumbrada profeticamente no exemplo de Enoque e na expectativa dos salmistas.

Diferente do que se podia esperar na descendência de Adão, um homem entre os seus não morreu, mas foi trasladado para a Glória com Deus eternamente. O autor de Hebreus nos explica isso um pouco melhor: “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus” (Hb.11.5). Para esse autor, o exemplo de Enoque demonstra que o essencial em sua vida foi o exercício da fé seguida de uma vida que agrada a Deus (como sugere a LXX). O termo que o autor de Hebreus usa para descrever a ação de Deus em Enoque é “metatíthemi”, o termo que a LXX usa para traduzir o termo hebraico “laqach”, cujo sentido básico é receber, tomar. Provavelmente pelas implicações que se via nessa ação divina de se tomar a Enoque para si, a LXX utilizou um termo que significa basicamente mudar de posição, ser recebido. O termo é usado em outros 15 lugares na LXX, normalmente com a idéia de mudar. Considerando que a ação divina em Enoque foi mudá-lo de plano, do terreno para o espiritual, o termo também tem conotação de transformação (Jd.4) ou o ser trasladado de Hebreus.

A idéia é clara aqui: Enoque foi chamado à presença de Deus e no relato de Gênesis ele é o único que não sofreu da morte como malefício da punição de Adão. Nesse relato temos uma firme expectativa: Aqueles que genuinamente vivem com Deus, com Ele viverão. É por isso que Deuffinbaug conclui:

“A morte chegou à descendência piedosa de Sete. Isto é repetido oito vezes no capítulo cinco. Mas Enoque é um tipo daqueles que verdadeiramente caminham com Deus. A morte não os tragará. Eles serão conduzidos à eterna presença de Deus, em cuja companhia viverão para sempre. A morte pode ser vista com naturalidade pelos verdadeiros crentes, pois seu aguilhão foi removido pela obra de Deus na morte de Jesus Cristo, o “descendente da mulher”. (Gn. 3:15)[31]”.

3.         NOÉ: ESPERANÇA EM DEUS

Como de costume, o nome hebraico de Noé (hb. noäh) é usado em um jogo de palavras com a sentença que se segue ao seu nome. É bem provável que o nome de Noé tenha alguma relação com o termo hebraico para descanso (hb. nuakh), mas, é certamente usado como paralelo do termo hebraico usado na ARA como consolo (hb. yenakhamenu).

Verdade seja dita, os dois termos não provêm da mesma raiz: nöah, como já demonstrado tem relação como nuakh, enquanto yenakhamenu provém da raiz nakham, que significa conforto. Entretanto, “as letras nun e heth juntas soam como o nome de Noé, formando uma paronomásia com o seu nome. Os termos não têm a mesma raiz verbal, e a conexão é apenas em função do som[32]”. Por outro lado, a idéia de um “descanso” do trabalho das nossas mãos, fruto da maldição divina, também se faz correlato com a idéia do nome de Noé. Uma vez que o nome de uma pessoa (hb. shem) descreve também seu caráter, vemos na nomeação de Noé a representação da expectativa apresentada na sentença que se segue. Portanto, em mais uma ocasião, Moisés brinca com as palavras para expressar uma verdade sobre a história da humanidade.



Este nos consolará dos nossos trabalhos: Noé é retratado por seus ancestrais como aquele sobre quem se repousa a esperança de libertação da maldição a que Yahweh havia submetido a terra. Essa esperança posta sobre Noé, não cumpriu-se como esperavam seus ancestrais, mas sabemos por usa história que ele foi um homem usado por Deus para salvar a humanidade, e ser instrumento da fidelidade de Deus para manutenção da sua promessa em Gn.3.15. A história de Noé, é uma história de recomeço, e será detalhada nos próximos capítulos.

O que se pode dizer com segurança é que a expectativa do descendente da mulher (que ainda não podemos chamar messiânica, nem cristã) era transmitida entre os descendentes de Sete, os que se entendiam como filhos de Deus, e viviam em adoração a Yahweh. Sem qualquer demonstração sobre a vida familiar desses personagens, sabemos que a família foi o cerne de sua transmissão de fé, visto que a mesma esperança que se tinha em Sete era vista em Noé, muito tempo depois. Essa tradição foi transmitida entre os familiares que mantiveram a revelação de Deus.



CONCLUSÃO

O que podemos concluir da história das duas genealogias? Que se não for a graça do Senhor na manutenção de um relacionamento especial com o homem, acompanhado de pessoas comprometidas com esse relacionamento, a humanidade está fadada ao fracasso moral e espiritual. Ainda que grandes desenvolvimentos possam surgir da impiedade, ela jamais é justificada. Sobre essa diferença, Deffinbaug diz:

“O que é que é enfatizado na linhagem de Sete? Nenhuma menção é feita a qualquer grande contribuição ou realização. Duas coisas marcaram os homens do capítulo cinco. Antes de mais nada, foram homens de fé (cf. Enoque, 5:18, 21-24; Lameque, 5:28-31). Estes homens olharam para trás e compreenderam o fato de que o pecado foi a raiz de seus problemas e pesares. E olharam à frente para a redenção que Deus havia providenciado através de sua descendência[33]”

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Genesis 4

Genesis 4

Introdução
Um aspecto terrível do pecado é que ele não pode ser isolado nem obliterado facilmente. Executa progressivamente sua obra devastadora na sociedade, de geração em geração. O pecado de Adão e Eva não causou infortúnio apenas para suas vidas; passou de pai para filho, de época para época. A história no capítulo 4 ilustra dolorosamente este fato e as genealogias ampliam as repercussões do mal por todas as gerações.
Os sacrifícios de Caim e Abel não são descritos como um pagamento pelo pecado ou uma busca de purificação. A palavra usada os designa de forma bastante genérica como "ofertas" - uma palavra que está intimamente relacionada à oferta de cereais, mais tarde instituída em Levítico 2. Essas ofertas aparecem como uma demonstração de gratidão a Deus por sua bondade. Portanto é apropriado que Caim trouxesse uma oferta do produto da terra, uma vez que não era obrigatório o derramamento de sangue nesse tipo de oferta. Deve ser mencionado que Gênesis não apresenta nenhum registro de Deus exigindo esse tipo de oferta, embora Ele a aprovasse como um meio de dizer "obrigado". A gratidão, porém, não é manifestada quando a oferta é feita por inveja, como foi o caso de Caim.





Versos 1-7

Na estrutura geral, esta história é muito semelhante à anterior. Tem um cenário(4.1-5), um ato de violação (4.8), uma cena de julgamento (4.9-15) e a execução da sentença(4.16).A história dos primeiros dois rapazes nascidos a Adão e Eva (1) realça as repercussões do pecado dentro da unidade familiar. Os rapazes, Caim e Abel (2), tinham temperamentos notavelmente opostos. Caim gostava de trabalhar com plantas cultiváveis. Abel gostava de estar com animais vivos. Ambos tinham uma disposição de espírito religioso.
Os filhos de Adão levaram sacrifícios ao SENHOR (3), o primeiro incidente sacrificial registrado na Bíblia.
Que Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura (4) não quer dizer necessariamente que animais são superiores a plantas para propósitos sacrificais. Por que atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta (5) fica evidente à medida que a história se desenrola.
A primeira pista aparece quase imediatamente. Caim não suportava que algum outro ficasse em primeiro lugar. A preferência do Senhor por Abel encheu Caim de raiva. Só Caim podia ser o “número um”.
O Senhor não estava ausente da hora da adoração. Ele abordou Caim e lhe deu um aviso. Deus não o condenou diretamente, mas por meio de um jogo de palavras informou Caim que ele estava em real perigo. Em hebraico, a palavra aceitação (7) é, literalmente, “levantamento”, e está em contraste com descaiu (6). Um olhar abatido não é companhia adequada de uma consciência pura ou de uma ação correta. O ímpeto das perguntas de Deus era levar Caim à introspecção e ao arrependimento.
Se Caim tivesse feito bem (7), com certeza Deus o teria graciosamente recebido. Mas, e se Caim não tivesse feito bem? Esta era a verdadeira questão que Caim ignorava, pois ele lançava a culpa em Abel. A ameaça à sua vida espiritual não estava longe. O pecado estava bem do lado de fora da porta, pronto para levar Caim à ruína.
Precisamos examinar duas palavras no versículo 7. Apalavra traduzida por pecado (.hatt’at) pode significar pecado ou oferta pelo pecado. A última opção está fora de questão, porque a presença fora da porta não parece ser útil; é sinistra. Apalavra jaz (robesh) é um substantivo verbal. O problema para o tradutor é: Esta palavra serve de verbo, jaz, ou de substantivo, dando o sentido: “O pecado está de tocaia”?
E. A. Speiser destaca que o acádio, uma das origens do hebraico bíblico, tem basicamente a mesma palavra, rabishum (note que as primeiras três consoantes são as mes­mas), que significa “demônio”. Esta história bíblica vem do mesmo local geográfico; assim, se considerarmos que robesh é um empréstimo do acádio, a solução está à mão.O texto descreve o pecado como um demônio malévolo, pronto para se lançar sobre Caim se este sair da presença de Deus sem se arrepender. Deus graciosamente ofereceu a Caim o poder de vencer o pecado: Sobre ele dominarás.
A última porção do versículo 7 pode ser parafraseada: “Tu deixaste o fogo da raiva arder por dentro; por conseguinte, quando tu deixares meu domicílio, o pecado te tomará. E melhor dominares a raiva para que a destruição não te vença”.
Mas Caim saiu da presença de Deus e a raiva se transformou em ciúme, o qual, por sua vez, se tornou em ódio assassino junto com um plano ardiloso. No campo, um dia a ação má foi executada — Caim... matou (8) Abel deliberadamente e sem provocação.

Versos 8-16
Mas Caim não pôde evitar o SENHOR (9). Logo se desenvolveu a cena de julgamen­to. A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra (10) é vívida expressão idiomática que significa: “Tu podes tentar esquecer teu ato de violência, mas eu não posso. O que quer que aconteça com meus filhos é questão de preocupação pessoal para mim”. O privilégio de cultivar a vida vegetal foi tomado de Caim e ele foi banido para o deserto, a fim de ser fugitivo e errante (12).
A exposição do seu pecado mudou Caim. O ódio arrogante se tornou em medo covarde misturado com autopiedade. Ele estaria suscetível do mesmo destino que desferiu ao irmão. Não pôde nem suportar o pensamento. Mas Deus não escarneceu dele. Mais uma vez sua misericórdia suavizou o castigo. Pôs o SENHOR um sinal em Caim (15).
Assim, Caim partiu para enfrentar uma vida totalmente nova, longe de Deus. A designação  terra de Node (16) significa “terra de vagueação”, e não parece ser o nome de uma região específica que não seja sua direção geral para a banda do oriente do Éden.
De 4.2-9, G. B. Williamson analisa “Caim e Abel”. 1) A diferença nos homens — até entre irmãos, 2b,5b,6,8,9; 2) A diferença significativa nas suas ofertas, 3-5a (cf. Hb 11.4); 3) Eis uma revelação da bondade e severidade de Deus.
O estilo de vida nômade e peregrino imposto a Caim representa um dos principais aspectos econômicos da sociedade antiga. Assim que os animais foram domesticados, por volta de 8000 a.C., o pastoreio nômade tornou-se o principal empreendimento econômico para as tribos e vilas. Os rebanhos, de modo geral, faziam parte da economia mista das aldeias, que incluía a agricultura e o comércio. Entretanto, alguns grupos concentravam mais seus esforços em conduzir rebanhos de ovelhas e cabras a novas pastagens, conforme as estações mudavam. Esses pastores seminômades seguiam rotas de migração específicas, que garantiam água e pastos adequados a seus animais. Às vezes, os pastores faziam contratos com os vilarejos ao longo da rota, a fim de pastorear os rebanhos nos campos onde a colheita já havia sido feita. Esses pastores geralmente entravam em atrito com as comunidades locais já estabelecidas por causa do direito sobre o uso das águas ou por causa de invasões. Os governos tentavam controlar os grupos nômades dentro de sua área, mas essas tentativas, após longos períodos, saíam frustradas. Como resultado dessa situação, surgiram várias histórias que descrevem os conflitos entre pasto­res e agricultores, à medida que competiam pelo uso da terra.
Ainda em gênesis 4.14, 15. vingança de sangue. Nas áreas onde o go­verno central não havia estabelecido total controle, era comum haver rixas de sangue entre as famílias. Essas rixas eram baseadas no princípio simples do "olho por olho", que exigia a morte de um assassino ou de um membro de sua família, em restituição à vítima. Existia também a premissa de que os laços de sangue incluíam a obrigação de defender a honra da família. Nenhuma ofensa podia ser ignorada, pois havia risco da família ser considerada fraca demais para se defender e outros grupos se aproveitariam disso. O comentário de Caim dá a entender que a família era maior, e que alguém da linhagem de Abel iria atrás de vingança.
4.15. o sinal de Caim. A palavra hebraica usada aqui não indica que esse sinal fosse uma tatuagem ou mutilação, geralmente infligidas a escravos ou criminosos (mencionadas nas Leis de *Esnuna e no Código de *Hamurabi). Compara-se melhor à marca da proteção divina colocada na testa dos inocentes em Jerusalém, citada em Ezequiel 9.4-6. Pode ser um sinal externo, que levaria outros a tratá-lo com respeito ou cuidado, mas pode também representar um sinal de Deus a Caim, de que ele não seria ferido e as pessoas não iriam atacá-lo.A linhagem de Caim

4.17-26 a construção da cidade. Visto que no mundo antigo a fundação de uma cidade está intimamente ligada à formação de um povo ou de uma nação, histórias sobre o fundador e as circunstâncias da fundação fazem parte da herança básica de seus habitantes. Essas histórias geralmente incluem uma descrição dos recursos naturais que atraíram o construtor (reservatórios de água, pastos e terra para agricultura, defesas naturais), os atributos especiais do construtor (força descomunal e/ou sabedoria) e a orientação do deus protetor. As cidades eram construídas ao longo ou nas proximidades dos rios e nascentes. Elas serviam como pontos estratégicos para o comércio e atividades culturais e religiosas, abrangendo com o tempo uma área maior, tomando-se centros políticos ou cidades-Estado. A estrutura necessária para sua construção e depois para a manutenção de suas paredes feitas de tijolos de barro, contribuiu para o surgimento das assembléias de anciãos e monarquias para governá-las.
No verso 19 fala-nos da poligamia, prática que permite ao homem casar-se com mais de uma mulher.Esse costume era baseado em diversos fa­tores: (1) um desequilíbrio no número de homens e mulheres, (2) a necessidade de gerar muitos filhos para ajudarem no pastoreio e nos campos, (3) o desejo de aumentar o prestígio e as riquezas por meio de numerosos contratos de casamento e (4) a alta taxa de mortalidade entre as parturientes. A poligamia era mais comum entre os grupos nômades de pastores e nas comunidades rurais, onde era importante que as mulheres estivessem ligadas a alguma família e fossem produtivas. Os monarcas também praticavam a poligamia, prioritariamente como um meio de estabelecer alianças com famílias poderosas ou com outras nações. Nessas situações, as esposas muitas vezes tornavam-se reféns, no caso das relações políticas se deteriorarem.
4.20. domesticação de animais. Criar gado é o primeiro estágio da domesticação de animais, que envolve o controle humano da reprodução, do suprimento de alimentos e das terras. Ovelhas e cabras foram os primeiros rebanhos a serem domesticados, com evidências que remontam ao nono milênio a.C.. Ani­mais de porte maior vieram um pouco mais tarde e os registros de domesticação de suínos remontam ao sétimo milênio.
4.21. instrumentos musicais. Os instrumentos musicais surgiram nos primórdios, constando entre as primeiras invenções do homem. No Egito, as primeiras flautas de sopro datam do quarto milênio a.C.. Uma série de harpas e liras, bem como um par de flautas de prata foram encontradas no cemitério real em *Ur, datando do início do terceiro milênio. Flautas de osso ou cerâmica remontam pelo menos ao quarto milênio. Os instrumentos musicais eram uma fonte de entretenimento, além de garantirem o ritmo para as danças e rituais, tais como procissões e dramatizações cultuais. Além dos instrumentos de percussão (pandeiros e cho­ calhos), os instrumentos mais comuns usados no antigo Oriente Próximo eram as harpas e as liras. Foram encontrados modelos desses instrumentos em escavações de sepulturas e também pintados em paredes de templos e palácios. São descritos na literatura como uma maneira de acalmar o espírito, invocar os deuses e dar cadência para a marcha de um exército. Os músicos tinham suas próprias corporações e eram altamente respeitados.
4.22.metalurgia antiga. Como parte do relato do surgimento de trabalhos e técnicas artesanais na genealogia de Caim, é natural que se mencione a origem da metalurgia. Textos *assírios mencionam Tabal e Musku como as primeiras regiões de fabricação de metal, nas montanhas Taurus (leste da Turquia). Ferramentas de cobre, armas e utensílios começaram a ser fundidos e forjados no quarto milênio a.C.. Subseqüentemente, as ligas de cobre, e principalmente as de bronze, foram introduzidas no terceiro milênio, à medida que foram descobertas jazidas de estanho fora do Oriente Próximo e as rotas de comércio foram expandidas para transportá-las para o Egito e Mesopotâmia. O ferro, por ser um metal que exige temperaturas muito mais elevadas e uso de foles (retratados nas pinturas do túmulo egípcio de Beni Hasan) para fundição e manufatura, foi o último a ser introduzido, já no final do segundo milênio a.C.. Ferreiros *hititas parecem ter sido os primeiros a explorá-lo e a partir daí a técnica espalhou-se para o leste e para o sul. Os meteoritos, compostos de ferro, foram forjados a frio durante séculos, antes da fundição do ferro propriamente dita. Isso não representaria uma fabricação tão grande como a de fundição de depósitos terrestres, mas explicaria algumas das pri­meiras menções ao ferro, anteriores à *Idade do Ferro.
Ainda nesses versos fala-se da genealogia e da nova expansão dos seres humanos.
A importância de Caim foi exaurida, e a linhagem de sua posteridade rebelde é incompletamente apresentada em forma genealógica abreviada.
A esposa de Caim foi, implicitamente, uma irmã (cf. 5.4) que partiu com ele para o exílio. Caim começou a construir uma habitação fortalecida, uma cidade (17), e orgulhosamente a chamou de Enoque, o nome do seu primeiro filho. A procura de Caim e seus filhos por segurança estava simbolizada pela construção de muros pesados, a procriação de muitos filhos com esposas múltiplas e o poder da perícia profissional, do armamento e do ódio. O primeiro poema da Bíblia (23,24) serve de ilustração da amargura feroz que envenenou o espírito destes homens. O significado do versículo 23 é: “Matei um homem [meramente] por me ferir e um jovem [só] por me golpear e me ferir” (BA). Alcançaram o pico da habilidade e realização, mas também se chafurdaram nas profundezas do mal.
D. A Expansão de um Novo Começo, 4.25—6.8
No Livro de Gênesis, as linhas de pensamento ou grupos de indivíduos menos importantes recebem pouca atenção para logo serem descartados. O interesse é focalizado nas doutrinas ou pessoas que são centrais aos procedimentos redentores de Deus com o homem.
1. O Terceiro Filho de Adão (4.25,26)
O rapaz que substituiu o Abel assassinado recebeu um nome bem adequado. Sete (25) significa “designado ou colocado”, o que indicava a misericórdia de Deus. Ele deu a Adão e Eva um filho que preservaria a fé no único Deus verdadeiro. Foi nesta família que o fogo da verdadeira adoração foi luminosamente mantido aceso. Aqui estava a base para a esperança de que a piedade era possível entre os homens.